Foi o turismo que fez Pedro Judacheski, que é CEO e sócio fundador de uma plataforma de delivery, conhecer Santa Catarina. No entanto, após experimentar o crescimento da empresa fundada em 2011 em Santa Maria, resolveu mudar o local da sede. Hoje, a plataforma e franqueadora conta com uma estrutura nova em Florianópolis e, em 2020, quase triplicou o número de colaboradores.
Mais próximos do ecossistema de inovação, a companhia iniciou o ano com 87 colaboradores e encerrou dezembro com 331 pessoas. Neste ano, a empresa segue contratando e está com 30 vagas em aberto. Indeciso se a mudança seria para Porto Alegre, Floripa ou para São Paulo, a possibilidade de crescimento, escala e proximidade com um centro tão ativo economicamente pesaram mais para o empreendedor, que abraçou o Estado como nova casa.
— Eu precisava estar próximo de outros empreendedores que já passaram por dificuldades que passei na minha trajetória. Nessa oportunidade conheci o Alex Tabor, empresário que também apostou em Florianópolis; fiquei amigo, e ele acabou se tornando investidor. Então aquela premissa de vir para cá, conhecer outros empreendedores, ter acesso a capital foi o que me fez adorar a cidade — conta.
Hoje, a empresa está presente em 308 cidades brasileiras em 20 estados, com mais de 16 mil lojas e mais de 3 milhões de usuários. Após captar mais investimentos, novas “mini sedes” ainda serão criadas, segundo o CEO – algumas delas em Santa Catarina, em municípios como Rio do Sul e Indaial.
Destaque em empreendedorismo em nível nacional
Com diversificação econômica, alto índice de desenvolvimento humano (IDH), qualidade de vida e a melhor distribuição de renda do país, Santa Catarina tem inúmeros atributos para atrair investimentos e novas empresas. O estado também possui um grande foco no associativismo em diversos segmentos.
Prova disto é a reunião por meio de cooperativas de agroindústrias no Oeste Catarinense, vinculadas à Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc) além do o ecossistema de inovação – principalmente na faixa mais litorânea – com empresas ligadas à Associação Catarinense de Tecnologia (Acate).
Estudo da Endeavor, em parceria com a Escola Nacional de Administração Pública (Enap), traz três municípios catarinenses entre as 20 cidades mais empreendedoras do país. A capital catarinense é o destaque, em segundo lugar no ranking nacional. Também no estado estão Joinville, em 16º, e Blumenau, em 17º.
Quando considerado apenas o quesito inovação, Santa Catarina lidera o ranking nacional do estudo da Endeavor. Joinville fica em 4º e Blumenau em 20º. Em capital humano, Florianópolis lidera novamente. Joinville cai para número 25 do ranking e Blumenau ocupa a 47ª posição.
Cidades mais empreendedoras de SC
Florianópolis
Qualidade de vida, ecossistema de inovação e menos burocracia são fatores que fomentam o empreendedorismo na capital, segundo Pablo Bittencourt, que é consultor econômico da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC).
— Um dos principais pontos, sem dúvidas, é o sistema de alvará integrado com registro implementado pela prefeitura de Floripa, que permitiu chegar ao tempo de 10 dias para abertura de uma empresa. Segundo o ranking Doing Business, apenas Belo Horizonte consegue ser um pouco mais eficiente, com 9,5 dias, entre as capitais brasileiras.
De acordo com o consultor, a qualidade de vida proporcionada pela cidade, não apenas por níveis relativamente baixos de criminalidade e acesso às praias, mas também pela oferta cultural e de lazer em geral, também são pontos positivos. Na sequência, aparece o ambiente institucional propício aos empreendimentos nas áreas de novas tecnologias, com incubadoras e parques tecnológicos, combinados a presença de um pool de universidades.
— Tal ambiente se reforça, à medida que forma mão de obra especializada e alimenta vantagens comparativas para a emergência de novos empreendimentos na área — detalha o especialista.
Bittencourt pondera que o ranking Doing Business coloca Florianópolis como muito abaixo das demais capitais no quesito “alvará de construção”. Além disso, o tempo para resolver litígios comerciais é ainda um dos mais elevados do Brasil.
A formação de um polo tecnológico gera um efeito de rede, que traz motivação para novas empresas do segmento, concentradas em um eixo de inovação. De acordo com Iomani Engelmann, presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), Florianópolis tem uma vantagem competitiva com o ecossistema. A mão-de-obra qualificada e a qualidade de vida para empreender e morar também agregam no resultado.
— Desde a ideia inicial até sua validação, crescimento e momento de escala… Nós temos hoje em Florianópolis conhecimento, projetos e programas que incentivam o empreendedor nas diferentes fases da jornada dele. É um ecossistema completo, desde startups com aceleradoras, incubadoras, fundos locais, redes de investidores-anjo, depois empresas mais maduras e aí por diante.
Joinville
A maior cidade do estado de Santa Catarina é também o polo industrial e possui o maior Produto Interno Bruto (PIB). É responsável pela produção e exportação de partes de motor, bombas de ar, partes e acessórios de veículos, itens de frigoríficos e ferro fundido. Possui como grandes parceiros comerciais Estados Unidos, México, Alemanha e Reino Unido.
Mesmo que seja reconhecida pelos empregos nessa área, os setores de comércio e serviços também vêm apresentando participação cada vez maior em relação à evolução da movimentação econômica e de geração de empregos no município.
Blumenau
Após a fundação da cidade, em meados do século XIX por imigrantes alemães, poucos anos depois, mais de 200 indústrias já haviam sido instaladas na região – o que ajuda a entender o motivo pela qual o município é um dos mais populosos e com força econômica para servir de sede para grandes empresas, como Hering, Teka e Karsten.
A indústria se destaca principalmente pela indústria têxtil, que passou por um processo de reinvenção durante a pandemia de Covid-19 e atualmente vem sendo beneficiada pela depreciação cambial – o que torna o produto local mais competitivo.
Outra característica típica da região é o potencial cervejeiro. Blumenau sedia a segunda maior Oktoberfest do mundo – atrás apenas da realizada em Munique, na Alemanha. Com a tradição passada pelos descendentes, tornou- se o berço de muitas cervejarias, reconhecidas pelo produto de qualidade diferenciada.
Abertura de empresas em alta em Santa Catarina
Historicamente com menor taxa de desocupação do país medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Santa Catarina é destaque quando se fala de emprego. Para que isso ocorra, um ambiente favorável aos negócios é item essencial – o que tem se mostrado realidade quando se fala dos municípios localizados no estado.
De acordo com dados de Registro Mercantil da Junta Comercial de Santa Catarina (JUCESC), o saldo de novas empresas nos primeiros seis meses deste ano foi de 74.837, o que representa um crescimento de 47,63% na comparação com o mesmo período do ano passado. Em 2020, em plena pandemia, houve crescimento de 10,32% em relação a 2019. Quando a análise possui recorte por cidade, Florianópolis lidera os novos negócios (8.083). Na sequência aparecem Joinville (6.604), Blumenau (4.332), Itajaí (3.825) e São José (3.256).
O comércio puxou as aberturas, com um saldo de 16.397, seguido pela indústria de transformação (9.225); construção civil (8.330); atividades profissionais, científicas e técnicas (6.093); outras atividades de serviços (6.054); alojamento e alimentação (5.247); transporte, armazenagem e correio (5.500); atividades administrativas e serviços complementares (5.488).
Geração de emprego está entre as maiores do país
Nos seis primeiros meses do ano, foram geradas 126.111 vagas de trabalho formais no Estado. Durante o período, as cidades com maiores saldos de empregos com carteira assinada foram Joinville (10.838), Blumenau (9.763), São José (6.658), Itajaí (6.412), Chapecó (5.019), Jaraguá do Sul (4.881) e Florianópolis (3.668). Em 2020, o Estado foi responsável por mais de um terço das vagas criadas no país.
Segundo o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS), Luciano Buligon, os números catarinenses, principalmente durante a pandemia, demonstram a pujança da economia catarinense e potencial para atrair novos empreendimentos de diversos segmentos.
— Esse crescimento das maiores cidades continua sendo acima da média, o que nos dá a convicção de que, passada a pandemia, essas cidades vão continuar respondendo positivamente — reforça o secretário.
Fonte: NSC Total
Fonte: Portal Contabil